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Corte da Selic tem efeito mínimo

Para analistas, crise de crédito faz com que bancos mantenham taxas de juros altas.

 

Neide Martingo

Existem dois aspectos a serem analisados em relação ao corte de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic: o prático e o psicológico. O presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, a Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, diz que, para o bolso do consumidor, a decisão do Banco Central é insignificante. "Se alguém comprar uma geladeira de R$ 1,5 mil em prestações, pagará por mês R$ 1,18 a menos; em 12 meses, a redução, com a nova taxa de juros, em relação a que estava vigente, será de apenas R$ 14,16. Ou seja, a novidade não vai estimular o consumidor a ir às compras", afirma Oliveira.

Mas o corte indica que a redução vai continuar. "O único erro do Banco Central foi não definir um viés de baixa. Por isso, uma nova queda só poderá acontecer na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, daqui a quarenta dias.

O lado positivo, segundo o presidente da Anefac, é que redução dos juros motiva o consumidor psicologicamente. "As pessoas começam a se sentir mais confiantes, e o temor de perder o emprego e de comprar diminui", disse.

Ilusão – O professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon) Manuel Henriquez Garcia diz que as pessoas não devem se iludir: o corte na taxa de juros não vai representar muita diferença no dia-a-dia delas.

Isso porque os bancos temem a inadimplência, e não diminuirão os índices cobrados. "O País vive hoje uma crise crédito. Não pode-se esperar uma queda significativa nos juros cobrados pelos bancos, tanto para a pessoa física quanto para a jurídica. De uma taxa mensal de 9,2%, o índice deverá cair para aproximadamente 8,44%. A diminuição das taxas nunca é proporcional à Selic", afirmou Garcia.

Segundo ele, os bancos estão recebendo novas tabelas de juros para serem aplicadas em cada uma das modalidades de crédito: cheque especial, cartão de crédito, crédito consignado, por exemplo. "Há a taxa mínima e a máxima em cada uma delas. Os bancos vão adotar um número, levando em conta o perfil do cliente, dependendo do risco que ele oferecer de ficar inadimplente."

O professor diz que a Selic vai continuar seguindo a tendência de queda. "Nas próximas duas rodadas da reunião do Copom, o índice deverá ser reduzido a um dígito."

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